O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) deu novos sinais de que pretende lançar candidatura própria à Presidência da República em 2026. Durante o evento “O Brasil precisa pensar o Brasil”, realizado na última sexta-feira (13), no Centro de Convenções, em Maceió, lideranças da legenda defenderam a construção de um projeto nacional desvinculado do atual governo e citaram o nome do ministro dos Transportes, Renan Filho, como uma das possíveis lideranças a representar o partido no cenário nacional.

“O MDB não deve pensar em apoiar ninguém. Tem que ter candidatura própria. Podemos perfeitamente ter um projeto nacional. Certamente temos lideranças importantes capazes de representar esse projeto. Uma delas é o próprio ministro Renan Filho, que tem todas as condições de ser uma figura nacional”, afirmou o deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Fundação Ulysses Guimarães, em entrevista à Tribuna Independente.

A fala reforça a movimentação interna da sigla, que busca se reposicionar politicamente com base em um programa de governo que integre os interesses locais e nacionais. “Temos que pensar como Alagoas pode estar vinculada ao projeto nacional do MDB, de maneira solidária, integrada e complementar”, acrescentou Moreira.

Apesar da defesa aberta por candidatura própria, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) preferiu adotar uma posição mais cautelosa. Questionado pela Tribuna Independente sobre a possibilidade de o partido apresentar um nome à Presidência, respondeu que o tema ainda não está em debate formal. “Esse assunto não está na ordem do dia do partido. Essa é uma discussão que virá ou não no próximo ano”, afirmou.

A declaração de Renan Calheiros indica que, embora o nome do ministro dos Transportes esteja em evidência, a decisão sobre o papel do MDB nas eleições de 2026 ainda está em aberto e será definida coletivamente no futuro.

Para o presidente da Fundação Ulysses Guimarães em Alagoas, deputado estadual José Wanderley (MDB), o evento é uma oportunidade para retomar o debate sobre propostas concretas para o país. “A Fundação tem o papel de ser o braço pensante do MDB. A ideia é formular um grande documento que será debatido nacionalmente, a partir da escuta das lideranças locais. O foco é construir um projeto de país, com planejamento, e não apenas com nomes”, destacou.

Wanderley citou a experiência de Alagoas durante o governo de Renan Filho como exemplo de construção coletiva de propostas. “Foram feitos encontros em todo o estado, com apoio técnico e metodológico, e isso gerou um programa de governo estruturado, com avanços visíveis nas áreas de saúde, educação, segurança e desenvolvimento humano. Essa metodologia pode servir de referência para o plano nacional”.

Era esperado que o ministro Renan Filho comparecesse ao evento do MDB, mas o ministro não esteve presente.

O ex-ministro da Defesa, Aldo Rebelo, também participou do encontro e afirmou que o foco do evento é a elaboração de um programa baseado em três pilares: retomada do crescimento econômico, redução das desigualdades e valorização da democracia. “O objetivo aqui é discutir ideias e preparar um programa para 2026. O MDB vai buscar um caminho próprio. Se isso será com candidatura própria ou com apoio a outro projeto, ainda será avaliado”, disse.

Segundo Rebelo, antecipar decisões eleitorais não faz parte da pauta atual do partido. “Estamos construindo um conteúdo. A definição sobre nomes ou alianças virá depois”.

FEDERAÇÃO COM O REPUBLICANOS 2x5032

Outro tema em discussão entre os emedebistas é a possível federação com o Republicanos. Para Alceu Moreira, o processo de federação é uma tendência irreversível, diante do novo formato do sistema político. “As federações são o caminho para reorganizar o sistema partidário. Estamos vendo o surgimento de um novo modelo, em que partidos se agrupam por identidade programática, o que tende a consolidar quatro ou cinco grandes correntes de pensamento no país”.

A proposta, no entanto, enfrenta resistência em algumas regiões, como Alagoas. O presidente estadual do Republicanos, deputado Antonio Albuquerque, já manifestou discordância quanto à formação da federação. Sobre esse ponto, Aldo Rebelo ponderou:

“Em alguns estados a aceitação é maior, em outros há dificuldades. Esse é um processo que exige negociação e tempo para maturar”.

José Wanderley também comentou o tema: “As federações são necessárias para racionalizar o sistema político, mas devem respeitar as ideias de cada partido. O MDB sempre foi um partido plural e de centro. Precisamos resgatar a importância das ideias e da honestidade intelectual no debate político”.